No estado de Goiás, o processo de
desenvolvimento artístico toma impulso e fôlego com maior vigor, somente no
decorrer da década de 1950, já que seu início, de forma um tanto tardia, só veio
a acontecer em princípios da década anterior incentivado principalmente pela
transferência da capital, da antiga Vila Boa (cidade de Goiás) para Goiânia, pelo
batismo cultural acontecido em 1942 e pela vinda para a nova capital de
profissionais e técnicos – arquitetos, engenheiros, professores – que, até
mesmo por interesse próprio, se dedicaram a promover os movimentos artísticos e
culturais da nova capital. E, se na década de 1940 atuam nas artes goianas
nomes como José Amaral Neddermeyer, Jorge Felix de Souza e José Edilberto da
Veiga, entre outros, a década de 1950 vai trazer para as artes goianas dois dos
três principais responsáveis por sua modernização, que são o frei dominicano
Nazareno Confaloni e o artista de origem paulista Dirso José Oliveira, conhecido
como D. J. Oliveira. O terceiro, Cleber Gouvêa só chegaria a Goiânia na
passagem da década de 1950 para a de 1960, passando a atual como professor em
1961.
Entre as várias formas de expressão
artística desenvolvidas a partir de então, despertam maior interesse a pintura
sobre tela e os processos de impressão desenvolvidos com base na xilogravura,
na litogravura e gravura em metal. E é bom que se diga que os processos de
impressão sempre despertaram interesse entre os goianos, chegando alguns
artistas a preferirem essa a qualquer outra técnica. Dinéia Dutra tem
praticamente toda a sua produção elaborada no processo de gravura em metal,
ZéCèsar, após utilizar esse mesmo processo à exaustão, dedicou-se à
experimentação com outros materiais para a elaboração de matriz, mas sempre
trabalhando com técnicas de impressão. Podem ainda ser citados os nomes de
Filomena Gouvêia e Fabiana Queiroga na gravura em metal e xilogravura, Tai
Hsuan-An, que além da pintura trabalha também com xilogravura, tendo produzido
algumas serigrafias na passagem da década de 1980 para a de 1990 e, Ricardo
Junqueira e Vinícius Yano que se dedicam basicamente à impressão em xilogravura.
A forma de impressão elaborada pelo
processo serigráfico passa a ter seu lugar, entre os artistas goianos inicialmente
no decorrer da década de 1970, de forma rudimentar e acanhada e, depois, com
maior intensidade na de 1980 quando, quebrando os preconceitos existentes sobre
tal processo, vários artistas começaram a dedicar parte de seu trabalho a essa
forma de impressão. D. J. Oliveira, que já trabalhava com gravura em metal e
xilogravura chega mesmo a produzir a mesma imagem em mais de um processo, como
a calcografia e a serigrafia. Outros ainda, como Fernando Costa Filho, finalizada
a impressão fazem interferências pontuais individualizadas em cada uma das
cópias.
No entanto, pouco se fala e menos
ainda se escreve sobre essa forma de produção, no desenvolvimento da arte
goiana. Praticamente todos os artistas de renome em atividade principalmente na
capital já se utilizaram dessa forma de impressão, principalmente após o
estabelecimento no Estado, de um dos mais renomados e competentes serígrafos
brasileiros – Daniel Messias da Costa – responsável por trabalhos em serigrafia
para artistas como, entre outros, Cícero Dias, Carybé, Bracher, Fang, Manabu
Mabe, Antonio Peticov e Gonçalo Ivo que, mesmo morando em Paris tem seus trabalhos em serigrafia
elaborados no Brasil por dois especialistas no assunto, sendo Daniel Costa, um
deles.
FORTE (Carlos Bracher)
Medida do papel: 70 x 55
Medida da mancha: 63 x 48
Tiragem: 48/100
Data: sem referência
O PROFESSOR 3 (Antonio Peticov)
Medida do papel: 50 x 70
Medida da mancha: 40 x 57
Tiragem: P. I.
Data: 2014
A presença de Daniel Messias da
Costa em Goiânia a partir de 1983 foi de fundamental importância no que se
relaciona à divulgação e aceitação do trabalho serigráfico tanto por artistas
quanto por colecionadores. Temos com isso, desenvolvido em nosso meio artístico
duas das três formas de elaboração da serigrafia artística: a serigrafia de
adaptação e a de reprodução, lembrando que poucos são os trabalhos de
serigrafia artística desenvolvidos dentro das características do terceiro
modelo, denominado de serigrafia original. Nessa última forma podem ser citadas
as atuações de Selma Parreira, Fernando Costa Filho e Nancy Melo.
ATELIÊ DO ARTISTA (Fernando Costa Filho)
Medida do papel: 70 x 50
Medida da mancha: 62 x 40
Tiragem: 15/50
Data: 2014
SEM TÍTULO (Selma Parreira)
Medida do papel: 70 x 50
Medida da mancha: 60 x 40
Tiragem: 1/1 P. I.
Data: 1988
Assim, o objetivo desse trabalho é
documentar a parte da produção artística de Goiás voltada para esse processo,
mostrando a atuação de artistas como Antonio Poteiro, Elder Rocha Lima,
Alexandre Liah, Siron Franco, Marcelo Solá, Alberto Tolentino, Cleber Gouvêa e
D. J. Oliveira, entre muitos, muitos outros que, buscando novas formas de
expressão, optaram por trabalhar com uma técnica considerada menor tanto por
artistas quanto por colecionadores e críticos, mas que, nas últimas décadas tem
se mostrado portadora de grandes possibilidades estéticas e criativas.
CARACÓIS (Cleber Gouvêa)
Medida do papel: 70 x 50
Medida da mancha: 50 x 39,5
Tiragem: 76/95
Data: sem referência
FIGURA
FEMININA DOMINADORA (Alberto Tolentino)
Medida do papel: 60 x 72
Medida da mancha: 50 x 50
Tiragem: 71/88
Data: sem data
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